domingo, 28 de dezembro de 2008

Modelo-Padrão do Rael

Eu não entendo muito bem o Rael. Ele tem sensibilidade, isso é um ponto. Mas um ponto bem superficial. E ele implica com todo mundo, mas isso é bem irrelevante pra uma reflexão sobre o Rael. E ele incorpora o AUSHREMMA.

Mas ele é implicante com música, muito. E eu to tentando entender o gosto musical dele faz tempo. Ele diz que só gosta de ouvir o que parece carregado por sentimentos legítimos (eu era assim também, na verdade ele é uma versão de mim há cinco anos atrás), o que faz algum sentido, mas algo me diz que o conceito de sentimento legítimo dele é estranho e mais limitado que isso (ele nao usa muitas palavras nem é obcecado por precisão), por exemplo porque ele não ouve musicas muito aceleradas (é por isso que ele vive no ritmo musical dos anos 60/70) nem muito lentas (por isso ele nao gosta do Movimento Islandes - eu ouço os extremos que cercam o que ele ouve, em termos de frequencia de vibração, huhuuh. Mas hoje eu descobri três albuns que tanto eu quanto ele gostamos muito (curiosamente um do Radiohead e dois da Björk) e isso é um ponto de partida pra novas reflexões a respeito. Eu queria escrever logo esse parágrafo pra dizer que desde que inventei esse blog to pra escrever textos sobre o monte de reflexões conjunstas sobre musica que eu e ele temos, mas acabei nunca fazendo isso. Ele nao ajuda também, ele nao é muito afeito a reflexões muito teóricas, hehehe.

O Rael acabou de me dizer que sempre me achou verborrágico =/ Verborrágico como um filósofo. O Rael é contido como um poeta. Aliás, ele escreve poesias e as publica num blog, mas eu nao vou fazer propaganda de um blog aqui, especialmente um blog de poesias, blergh!

O Rael diz que tudo o que rima tem que ser verdade (aqui), e eu acho que acredito nisso (é ótimo estabelecer expicitamente critérios estéticos pra validar a crença das coisas) (é nessa hora que ele entra e diz que eu to estragando a frase bonita dele com um monte de dissecações teóricas).

Fato é que nessas coisas todas e em outras ele tem sido um bom contraponto (e justamente por causa de uma certa ampla base comum nossa de encarar o mundo). Nas discussões do CCD eu quase sempre tenho sido o Fogo e ele quase sempre tem sido a Terra ("Alguém precisa de um filtro de brainstorms..." R. Erkírion, op. cit.).

O Rael não me pediu esse post. Nem passaria perto dele um fazer algo assim. Mas, ehr, como o post é dele, precisa vir com figura no final.




Corro à luz de Aldebaran, que me protege,
Mas a esfera-Índigo de Cerâmica quebrou-se,
Num estalo, num estrondo, num ínfimo instante,
E de lá caíram todas as luzes do Mundo

[Sinto muito, tive que roubar]

Tolerância

sei lá, tem várias mini-reflexões que eu nem escrevo aqui pq geralmente nao considero dignos de, sozinho, estrelarem um post. Mas acho que é uma boa parar com isso e começar a postar mais idéias soltas e bobas, quase no nivel do afzipi, auehuaheh

Enfim, acho que posso começar mencionando um dos grandes lugares comuns desses tempos (daqueles a que as pessoas se referem tao enfaticamente que espanta notar q nenhuma delas pensou nas suas consequências mais radicais - acho que tem um filtro de razoabilidade (ou uma "miopia de razoabilidade") que em geral faz só filósofos e excêntricos e românticos alemães ficarem levando as coisas às últimas consequencias) sobre tolerância e aceitar as diferenças. O problema é que aceitar todos os pontos de vista, nunca querer que outras pessoas assumam algum outro, é ser inútil prás pessoas, não colaborar em nada pro crescimento delas. O extremo oposto, a completa intolerância, fundamentalismo, e tentativa de converter qualquer um que passe perto ao seu único ponto de vista, é beem mais educativo prás pessoas, mas torna a convivência razoavelmente insuportável.

Claro, como com quase tudo, deve haver um equilíbrio entre as duas posições, ou uma superposição de estados entre elas. Porque, por um lado, é interessante que suas próprias posições defensáveis sejam um tanto quanto amplas (é chato querer convencer as pessoas sempre das mesmas coisas), e por outro, reconhecer posições diferentes é inclusive útil para "converter pessoas aos seus pontos de vista defensáveis" de forma mais eficiente (sendo ainda mais educativo prás pessoas do que o fundamentalismo completo). E de qualquer forma a briga com a intolerância tem talvez mais a ver com uma forma estúpida e cega de convencimento que, mais que não-eficiente, trabalha contra seus próprios propósitos.

Uma interseção entre o conjunto de opiniões que você compreende e o conjunto de opiniões que você quer mudar parece algo bom de se ter, de qualquer forma. Mas uma coisa interessante é uma fronteira que existe para além das posições não-compreendidas e não-toleradas, que eu posso chamar de "fronteira do completamente outro": pessoas tão tão diferentes que atrazem consigo a admissão da completa ignorância sobre aquela disposição e um certo desanimo e uma certa prudência de nem tentar interferir. O que faz pensar, fazendo o caminho inverso, que toda tentativa de convencimento envolve pelo menos um modelo minimamente razoável sobre o estado da outra pessoa que se quer ver mudado.

Pois é, uma idéia solta rendeu três parágrafos médios. Eu to ficando muito verborrágico. Enfim.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sentidos e Medições

Um outro "primitivismo" desse tipo que me intriga é um que o Jaime sugeriu uma vez, sobre os modos de conhecer a natureza que os cientistas se orgulham de usar. Eles não são nada, nada além de uma versão mais estendida dos nossos sentidos!

Ou bem a gente detecta luz, com bem mais precisão e variedade de cores que os olhos, mas luz, ou tem detectores sensíveis a pressão, como os ouvidos, ou detectores químicos, que geram reações quimicas a partir do contato com qualquer coisa. Olhando assim, isso parece muito limitado! E mostra como os nossos métodos experimentais das ciencias naturais são primitivos, nesse sentido. Se os instrumentos até o século XIV só adicionavam precisão ao que medíamos com os sentidos, os de hoje são só versões estendidas destes.

Quando será que vai aparecer algo diferente? (Certamente não nessa geração, em que as pessoas só tão preocupadas em seguir o bonde e publicar, publicar, publicar... Não conseguiram nem largar o osso da matéria e da energia escura, meu deus! esses cientistas me envergonham, como membro da humanidade, tsc)

Runas

Começar a usar o blog tb pra alguns insights sobre raízes passadas e coisas futuras. É sempre chocante enxergar alguns padrões muito permanentes em grupos humanos em geral, como eles são tão "primitivos" quanto coisas bem antigas (sem críticas), e como talvez seja diferente um dia.

Uma desas coisas é o nosso padrão escrito, o romano, que é essencialmente como o padrão rúnico: conjuntos de traços retos e simples que representam sons específicos, configurações específicas da boca. Uma sequencia de runas representa uma sequencia de sons que deve ser reproduzida rapidamente para carregar significados para as nossas vidas mentais e pra induzir ações no mundo material.

(Quem diria que algum animal ia desenvolver essa técnica muscular avançada de articular e rearticular rapidamente a saída do sistema respiratório pra produzir um padrão bem complexo de sons que carrega um monte de significado. É sempre a primeira coisa q eu penso quando ouço uma conversa em uma língua desconhecida.)

Mas voltando, o nosso padrão escrito ainda é esse! O mesmo, não mudou nada! É verdade que existem infinitas versões estilizadas dessas runas (as diferentes tipografias) pra combinar com coisas diferente e ficar bonitinho, mas isso é só as runas enquanto arte decorativa. Aliás, eu nem chamo isso de linguagem escrita - porque não passa da reprodução escrita do que é a nossa lingua oral. O ocidente só tem língua oral! Mesmo as expressões poéticas são todas assim: poesia é algo para ser declamado - e os concretistas foram os primeiros a fazer algum avanço no sentido oposto. Os chineses sim, eles têm uma linguagem escrita de verdade, com símbolos escritos que carregam idéias, que podem estar associados a diversas linguas orais - ou mesmo a nenhuma.

Mas enfim, será q vamos abandonar esse padrão rúnico de escrita e de comunicação? A partir das ultimas duas décadas, parece cada vez mais claro que os filmes e outras multimídias vieram com grande potencial para competir com os livros como forma de guardar a nossa sabedoria mais erudita (ou como diz a minha mae adotiva das humanidades, os historiadores das novas gerações precisam saber fazer cinema).

No futuro a comunicação não-oral vai ser feita através de bolhas brilhantes e coloridas.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Vida

Viva a concretude irrenunciável da vida! \o/

(tirado de um email espontâneo enviado pro Café Filosófico do CCD).

Em particular, em termos da "igreja" / "congregação" (koinonia, usemos o termo grego) discordiana, isso deve implicar, em primeiro lugar, nada de abstensões. Nada que diminua as cores da vida (é, isso ta bastante ligado ao principio anterior), nada que obrigue a viver menos. Viver o máximo possivel, sempre - e, assim, quando o viver mais implicar deixar de lado certas práticas da vida para viver outras consideradas melhores ou mais intensas, que seja. Mas, como tal, seguindo o principio de irrenunciabilidade da Vida, só faz sentido sendo ato individual. Abstinências como regras coletivas não.

Isso aproxima a coisa também ao Budismo Chan (zen), no sentido de que a vida concreta é a verdadeira iluminação. Algum koan dizendo que Buda é a pedra em que você tropeçou ontem cairia bem aqui, mas to sem paciência de procurar isso agora.

Princípio da Multiplicidade

Tem muita gente interessante fazendo muita coisa interessante por aí.
Ou: buscar sempre as cores locais.
Ou: não acreditar demais nos padrões.
Ou: o melhor dos mundos possíveis é o mais variado.
Ou: (a lei máxima dos românticos): Sê tu mesmo, isto é, sê único!

(Isso funciona também como princípio de trabalho, prás Humanidades; não considerar coletividades nunca como uniformes. Ou: qualquer agrupamento de pessoas incluem sempre opiniões ligeiramente diferentes, e ações ligeiramente diferentes.)

Ou, pra dar ao meu post mais autoridade e poesia alheias, um pouco de Schleiermacher (retirado do capítulo dos romanticos do Lovejoy):

Como posso evitar apenas regozijar-me na novidade e na variedade, que não confirma e não de novas e sempre diferentes maneiras a verdade de que estou de posse? (...) Há ciências sem cujo conhecimento minha visão do mundo nunca será completa. Há ainda muitas formas de humanidade, épocas e povos que não conheço melhor que o homem comum - épocas e povos em cuja natureza e modo de pensar minha imaginação não penetrou de sua maneira própria e que não ocupam nenhum lugar definitivo e próprio deles na minha imagem do desenvolvimento da espécie. Muitas atividades que não têm lugar na minha própria natureza não as compreendo e careço frequentemente de um entendimento própria das relações delas com aquel Todo que mostra sua grandeza e beleza na humanidade como um todo. Desse todo, hei de, parte por parte e parte
com parte, tomar posse; a mais bela expectativa abre-se diante de mim. Quantas naturezas nobres, totalmente diferentes da minha, que a humanidade moldou como elementos de si mesma, vejo ao alcance da mão!
Ou, citando o próprio Lovejoy citando outro: "Eis uma cruel determinação, como Emerson disse de Margaret Fuller, a de comer este enorme universo!"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Princípio do Improviso

(Aproveitando-me de que isso aqui não é muito frequentado, e pegando carona nesse momento magico de conversão ao Erisianismo, vou usar esse blog aqui pra postar alguns princípios mais genéricos e abstratos meus. Talvez eu funda isso com o Chu Biúnil mais tarde)

Nunca escolha um caminho até que você possa efetivamente andar por ele.